sexta-feira, 9 de abril de 2010

O dragão e o menino


Há momentos em me sinto estranho.

Um dragão cruel toma conta de mim.

Ele cospe fogos e sua escama me cerca.

É uma sensação que me deixa incomodado.

Mas desde a minha remota lembrança,

Nos sonhos infantis, ele me olha e me hipnotiza.

Pesadelos em terras distantes,

Onde estava eu a entrar em uma casa de madeira sombria.

E nessa casa havia degraus para se chegar à varanda,

Ao lado da escada havia dois leões de gesso pintados em ouro.

E em um deles havia uma chave para abrir a porta.

Pegava a chave e quando ia abrir a porta,

Um medo enorme me dominava e a sensação era muito real.

Acho que desde esse momento o dragão me olhava.

Acordava com os olhos e coração totalmente em pânico.

Esse local árido e secou ficou em minha mente.

E essa solidão será kármica e foi revelada na minha tenra infância?

Que sonho foi esse?

Será um presságio ao louco que não entrará no reino do céu?

Agora me sinto esse dragão verde, gosmento, grande, reluzente e flamejante; a observar a vida de outros monstros.

Das minhas ventas solto labaredas.

E no meu coração um rio de lágrimas faz a dor pulsar,

Em estar machucado os outros monstros solitários, que buscam apenas serem compreendidos.

Mas todos olham esse dragão pelo o que ele queima.

O fogo arde muito!

E cada vez mais o coração do dragão vai morrendo.

Ele não consegue salvar ninguém.

Ele não consegue vencer seus medos.

Ele não consegue entender a gruta escura em que vive.

Mas no fundo da sua redoma há um lírio branco, onde ele sempre adormece em ver tanta beleza.

Em ver tamanha perfeição,quase dormindo,deixa derramar uma única lagrima.

E dessa lagrima o lírio tem seu alimento, para assim, o lírio ser o lírio.

Em seus sonhos, o dragão observa o menino a pegar a chave, entrar na varanda e não ter coragem de abrir a porta.

O menino vira de costa para a porta, solta um grito de pavor e olha bem no fundo dos olhos do dragão e acorda.

O menino se tornou um homem que acordou em sua cama vazia.

E o dragão dá seu ultimo suspiro, depois de tanta destruição, morre.

O lírio da caverna espera que menino-homem o salve também do fim.

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